O outro problema das zonas mortas oceânicas

Em outubro de 2019, o pesquisador Brett Jameson, da Universidade de Victoria, no Canadá, embarcou em um navio com um grupo de cientistas. Juntos, eles partem para estudar os sedimentos que revestem o fundo do mar. Seu objetivo era analisar os efeitos do baixo oxigênio nos ambientes encontrados no mar profundo.
Eles aproveitaram essa expedição para tentar aprender mais sobre as zonas mortas, também conhecidas como águas anóxicas. Eles são assim chamados por causa de seu baixo nível de oxigênio que causa a asfixia da fauna marinha. Devido a essas condições extremas, todas essas áreas são desertas por organismos que precisam de oxigênio para viver.

Um dos estudos conduzidos por Brett Jameson e sua equipe nos diz que essas zonas mortas também podem ter um efeito prejudicial na atmosfera da Terra.
Sedimento que produz óxido nitroso
Zonas mortas aparecem naturalmente em certos lugares. No entanto, também existem alguns que são formados como resultado de atividades industriais. Estão então na origem da proliferação de algas que acabam por morrer e decompor-se no fundo dos oceanos.
Ao estudar essas algas, a equipe de Brett Jameson descobriu que os sedimentos nessas zonas mortas produzem óxido nitroso (N₂O). Acontece que esse gás é liberado na atmosfera quando as águas das profundezas sobem à superfície. Este processo é conhecido como ressurgência. Isso resulta no aumento da água fria profunda para a superfície. Isso geralmente é feito ao longo das costas oceânicas.
Um poderoso gás de efeito estufa
O óxido nitroso é um perigo para o nosso meio ambiente. De fato, como apontam os autores deste estudo, é um poderoso gás de efeito estufa. O óxido nitroso é até 300 vezes mais nocivo que o dióxido de carbono.
Os pesquisadores há muito se preocupam com as emissões de óxido nitroso, que continuam aumentando ano após ano. Isso se deve principalmente às atividades humanas. Hoje, os especialistas estimam que 25% das emissões globais de óxido nitroso vêm dos oceanos. Segundo eles, se nada for feito a respeito, as emissões de N₂O provavelmente acelerarão as mudanças climáticas.
Os resultados deste estudo foram publicados no site da Association for the Sciences of Limnology and Oceanography.