Há muito ouro no universo

Estudos recentes analisaram a quantidade de ouro no espaço. Foi revelado que este metal brilhante é mais abundante que a água em escala espacial, e que há muito dele no universo local. O fato é que a formação desse elemento deve ocorrer por meio de um complexo e intenso processo de fusão nuclear.
Como 79 prótons e 118 nêutrons devem ser combinados para formar um único núcleo atômico de ouro, ninguém ainda conseguiu criar um em laboratório.

O que constitui um grande mistério é a origem dessa abundância de ouro no universo local. De acordo com uma hipótese que vem sendo avançada sobre o assunto, esse ouro poderia vir de colisões entre estrelas de nêutrons. Outra suposição é que ela emana de certas supernovas que a projetam no espaço.
Um novo estudo, liderado por Chiaki Kobayashi, astrofísico da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, traz novos elementos que podem levar à resolução do enigma. Os resultados foram publicados em 15 de setembro na O Jornal Astrofísico.
Colisões de estrelas de nêutrons ou supernovas com magneto-rotação?
Segundo os pesquisadores, as colisões de estrelas de nêutrons, embora produzam ouro, não são suficientes para explicar a quantidade abundante de ouro no espaço. Além disso, seu modelo teórico é favorável à hipótese da supernova.
Esta explicação aplica-se especialmente a certas estrelas moribundas com ouro fundido, chamadas supernovas de magneto-rotação. Essas supernovas, cercadas por um campo magnético extremamente intenso, giram muito rapidamente e ejetam núcleos de ouro no cosmos.
No entanto, os cientistas acreditam que essas duas possibilidades ainda não são suficientes para explicar por que o universo local está tão infestado de ouro.
Importantes descobertas científicas
Ian Roederer, um astrofísico da Universidade de Michigan que participou do estudo, destacou que o presente artigo não é o primeiro a sugerir que as colisões de estrelas de nêutrons são insuficientes para explicar a abundância de estrelas e ouro no espaço. Por outro lado, o documento tem o mérito de ser particularmente exaustivo. “O artigo contém referências a 341 outras publicações, o que é cerca de três vezes mais referências do que artigos típicos no The Astrophysical Journal hoje”especificou.
Embora a pesquisa ainda não tenha permitido aos pesquisadores desvendar o enigma, ela os levou a importantes descobertas científicas. De fato, eles conseguiram modelar a formação de átomos tão leves quanto o carbono 12 (seis prótons e seis nêutrons) e tão pesados quanto o urânio 238 (92 prótons e 146 nêutrons). Foi demonstrado, por exemplo, que colisões de estrelas de nêutrons produzem estrôncio e que as supernovas em rotação magnética produzem európio.