Covid-19: uma nova cepa mais virulenta identificada

Pesquisas científicas revelaram que a atual cepa dominante do Coronavírus é na verdade uma versão mutante mais virulenta. A nova variante infecta células humanas com mais facilidade do que a encontrada na China há alguns meses. Experimentos de laboratório mostraram que o vírus é três a seis vezes mais capaz de infectar células humanas.

Os pesquisadores analisaram amostras de genoma e descobriram o D614G. Essa variante teria sofrido uma evolução bastante substancial, a ponto de invadir e infectar rapidamente células humanas.

Ele também contém mais partículas virais, o que não altera a gravidade da doença.

O estudo foi realizado por pesquisadores do Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México, e da Duke University, na Carolina do Norte, bem como pelo grupo de pesquisa COVID-19 Genomics UK da Universidade de Sheffield.

Uma réplica melhor do vírus

A primeira publicação sobre essa descoberta foi muito criticada, porque os cientistas ainda não haviam comprovado que a modificação poderia ser devido à própria mutação. Assim, a equipe realizou mais experimentos analisando dados de 999 pacientes britânicos infectados com o Coronavírus.

“Parece provável que o coronavírus tenha se adaptado um pouco mais. A variante que circula atualmente é mais infecciosa”, disse Erica Ollmann Saphire, cientista que realizou um dos experimentos no Instituto de Imunologia La Jolla.

Anthony Fauci acha que o vírus está se replicando melhor e parece muito mais transmissível agora. Ele não esteve envolvido na pesquisa, mas é um reconhecido especialista americano em doenças infecciosas.

“Os dados demonstraram que há uma mutação que torna o vírus capaz de se replicar melhor e possivelmente ter altas cargas virais. Não sabemos exatamente o seu impacto nos indivíduos, mas estamos na fase de confirmação”, explicou.

Para o desenvolvimento de medicamentos ou vacinas

“A expansão, seja por seleção natural ou por acaso, significa que essa variante é a atual pandemia. Esses estudos são necessários para determinar significativamente o desenvolvimento de medicamentos ou vacinas”, disse Nathan Grubaugh, virologista da Escola de Saúde Pública de Yale, que não fazia parte da equipe de pesquisa.

A descoberta do D614G não deveria modificar as medidas de barreira. Além disso, a nova cepa não agravaria infecções individuais. No entanto, isso em nada diminui o interesse da descoberta, que poderia de fato possibilitar um melhor entendimento da pandemia.