Coronavírus é mais infeccioso quando os sintomas são leves, diz estudo

Um pequeno estudo publicado em 8 de março no banco de dados de pré-impressão medRxiv descobriu que pessoas infectadas com o vírus Covid-19 podem liberar uma quantidade significativa de vírus no início de sua doença. No entanto, à medida que evolui, torna-se cada vez menos infeccioso.

Os resultados do estudo podem, assim, fornecer novas explicações para a rápida disseminação do vírus.

Segundo os pesquisadores, as pessoas infectadas são muito mais infecciosas quando seus sintomas ainda são leves.

Essas descobertas parecem ser de suma importância na luta contra a propagação do vírus. Neste momento, o estudo ainda não foi revisado por pares. Por outro lado, baseou-se na condição de apenas nove pacientes.

Contraste com doenças respiratórias semelhantes à SARS

Os cientistas que trabalharam no estudo disseram que os resultados obtidos divergem um pouco do caso das doenças da SARS. Segundo eles, no caso da SARS, a maior quantidade de vírus é espalhada por volta dos 10e dia após o início da doença. Neste momento, a infecção se espalha do trato respiratório superior para os tecidos pulmonares profundos.

Para sete dos nove pacientes estudados e infectados com Covid-19, a concentração do vírus atingiu seu pico no dia 5.e dia. A quantidade de vírus observada foi até 1.000 vezes maior do que a registrada em pacientes que sofrem de SARS. Para os dois pacientes restantes, o pico foi observado por volta dos 10e e o 11e dia. O nível de infecção já era bastante alto nessas duas pessoas, pois já apresentavam os primeiros sinais de pneumonia.

De acordo com o relatório, a excreção viral diminuiu gradualmente após o 5ºe dia nos sete pacientes que tiveram casos moderados. Às 10e dia, eles provavelmente não eram mais contagiosos.

Um estudo para entender melhor a doença

Durante a pesquisa, os cientistas analisaram várias amostras retiradas do nariz, garganta, bem como amostras de sangue, urina, fezes e escarro. O objetivo foi definir a quantidade de vírus presente em cada estágio da doença. Para isso, buscaram a presença de RNA, o material genético do vírus, contido nas amostras.

O RNA do vírus pode estar presente em células humanas sem ser funcional. Assim, para determinar qual paciente era infeccioso e em que estágio, os pesquisadores isolaram continuamente amostras do vírus para crescer no laboratório.

Como resultado da pesquisa, descobriu-se que o vírus pode se multiplicar em amostras de garganta, nariz e escarro coletadas no início da infecção. Por outro lado, nenhum crescimento viral foi observado para as amostras coletadas após o 8ºe dia em casos moderados. Segundo os autores, esses pacientes se tornaram menos infecciosos, embora ainda tenham testado “positivo” para o coronavírus.

Por outro lado, o relatório indica o desenvolvimento de anticorpos contra o patógeno logo após a contaminação nos sete pacientes, principalmente entre os 6e e o 12e dia. Não está claro, no entanto, se a resposta do sistema imunológico é tão rápida em todos os pacientes, especialmente naqueles com infecções mais graves.

Para Michael Osterholm, diretor do Centro de Pesquisa e Política de Doenças Infecciosas da Universidade de Minnesota, o estudo pode ajudar a entender a história natural da doença clínica Covid-19 e as implicações da disseminação viral para a saúde pública.

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