Alasca: um experimento de aquecimento do permafrost para saber a quantidade de carbono liberada

Existe uma fonte potencial de CO2 que nem sempre pensamos quando falamos de aquecimento global. Este é o permafrost, que pode liberar uma quantidade bastante substancial de carbono na atmosfera à medida que aquece e derrete. O que diferencia essa fonte de carbono de outra fonte como uma fábrica, por exemplo, é que não podemos simplesmente decidir parar a produção e assim parar as emissões de carbono.

Quanto mais a temperatura global aumenta, mais o permafrost derrete e libera carbono.

Um estudo recente de César Plaza visa medir a quantidade de carbono que o permafrost está perdendo atualmente. Conhecer esse valor e também a taxa de liberação de carbono é muito importante para avaliar melhor a extensão do aquecimento global.

O estudo, realizado no Alasca, envolveu a recriação das condições de aquecimento do permafrost e a medição da quantidade de carbono liberada.

Uma nova abordagem

De acordo com os pesquisadores, medir diretamente a quantidade de carbono no permafrost em dois momentos não mostra realmente a quantidade que foi perdida. A razão para isso é que com o passar do tempo, com o aquecimento, o gelo derrete e o solo fica mais compacto e denso, o que mascara o valor do carbono liberado. Os cientistas, portanto, tiveram que usar uma nova abordagem. Eles decidiram medir a quantidade de cinzas vulcânicas no solo, o que permite calcular um valor mais preciso de carbono perdido.

O estudo foi realizado entre 2009 e 2013 em um local perto do Parque Nacional Denali, no Alasca. Os locais de coleta foram divididos em duas categorias.

A primeira estava provida de cercas anti-neve e de neve acumulada na lateral que permitia isolar o solo. Isso teve o efeito de torná-lo mais quente em comparação com a outra categoria de local que foi deixada ao ar livre. Este foi o meio usado para simular o aquecimento futuro. Após cinco anos, a temperatura do solo deixado ao ar livre aumentou 1°C, enquanto a do solo equipado com cercas anti-neve foi quase 1°C mais alta.

Os resultados do experimento

Medições convencionais de carbono no permafrost não mostraram mudança significativa na quantidade de carbono em cinco anos. Em contraste, as medições baseadas em cinzas vulcânicas mostraram uma perda de quase 5% ao ano em todos os locais. Segundo os pesquisadores, menos da metade desse carbono foi decomposto em CO2 por micróbios, o resto deve ter escapado de alguma outra forma.

Os resultados mostraram que não houve diferenças reais entre as medições feitas nos locais aquecidos e aquelas deixadas ao ar livre.

Segundo os cientistas, o mais importante nesses resultados é conhecer a taxa de liberação de carbono. Usando os últimos números obtidos, eles estimam que até 2100, 70% do carbono do solo será liberado. Medições diretas convencionais deram uma estimativa de apenas 5-15% de perda até 2100.

Esses novos resultados são mais do que alarmantes, pois não é possível interromper diretamente essa liberação de carbono pelo permafrost. O que podemos fazer é agir para desacelerar ao máximo o aquecimento global e, assim, reduzir a quantidade de carbono liberada.

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